quinta-feira, 28 de abril de 2011

Bolsonaro arrebenta a Constituição a cada frase, diz movimento gay


O autor de frases supostamente racistas e homofóbicas, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) voltou a ser alvo de polêmica nesta quarta-feira ao dizer que está "se danando" , "se lixando" para o movimento gay. Segundo Tony Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), o deputado "rasga a Constituição a cada declaração".
"É muito triste a gente perceber que temos parlamentares com esse nível de discussão. Ele rasga a Constituição Federal a cada declaração", afirmou Reis, que citou trechos da Carta Magna que teriam sido violados por Bolsonaro. "Ele tem que ler - e se ele for analfabeto, a gente pode fazer uma leitura pra ele - o artigo 3º e o artigo 5º da Constituição, que dizem: 'todos são iguais perante a lei e não haverá discriminação de qualquer natureza'", disse.
Reis lamentou o histórico de frases polêmicas de Bolsonaro nos últimos anos. "Ele se lixa pela questão dos direitos humanos, ele se lixa pela democracia, pelos principais valores republicanos. Ele já teve declarações em que mandou o (ex-presidente) Fernando Henrique (Cardoso) para o paredão, já chamou nosso (ex-)presidente (Luiz Inácio) Lula (da Silva) de bêbado, já chamou a nossa presidenta (Dilma Rousseff) de ladra, terrorista... então é uma pessoa que realmente está caindo no ridículo", afirmou.
Para Reis, Bolsonaro faz uso das polêmicas para ganhar projeção nacional. "Se ele quiser aparecer, que ele amarre uma melancia no pescoço e não fique fazendo esse tipo de sensacionalismo", reclamou.
O presidente da ABGLT se mostrou confiante na punição a Bolsonaro, já que as supostas declarações racistas teriam aumentado o repúdio contra o parlamentar. "Quando ele atacou só os gays, era uma coisa, mas agora ele está mexendo com muita gente. Então, estamos muito tranquilos de que esse senhor vai ser punido", declarou.
"Nós vamos acionar a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a Procuradoria Geral da República (PGR), porque nós queremos uma investigação criminal", concluiu. Eleito nesta quarta-feira, o Conselho Nacional da ABGLT divulgou hoje uma nota de repúdio às declarações de Bolsonaro.
Confira nota na íntegra divulgada pelo Conselho Nacional da ABGLT 

O Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT), repudia com veemência as declarações racistas, sexistas e homofóbicas feitas pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ), em entrevista exibida no programa Custe o Que Custar (CQC), em 28 de março de 2011, quando foi questionado por várias pessoas, uma delas a cantora Preta Gil, sobre como reagiria se seu filho namorasse uma mulher negra.
A resposta de Bolsonaro foi: "Não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Os meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu". Após ser acusado de racista, o parlamentar lançou nota afirmando que "A resposta dada deve-se a errado entendimento da pergunta - percebida, equivocadamente, como questionamento a eventual namoro de meu filho com um gay (¿). Reitero que não sou apologista do homossexualismo (sic), por entender que tal prática não seja motivo de orgulho". Em outro momento, na mesma entrevista, o deputado também disse que jamais poderia ter um filho gay.
Aproveitando-se da falta de instrumento legal que criminaliza atos homofóbicos, Bolsonaro tem se notabilizado como destilador contumaz de ódio e intolerância contra a população LGBT. Agora, o referido deputado tenta esquivar-se da acusação de racismo ¿ crime tipificado na legislação brasileira -, agredindo e injuriando novamente a população LGBT.
Com tais posições e declarações, Bolsonaro reforça a sua faceta homofóbica, racista e sexista, agindo, de forma deliberada, com posturas incompatíveis com o decoro e a ética exigida de um representante da sociedade brasileira no Congresso Nacional, especialmente considerando os princípios da democracia e do respeito à diversidade do povo brasileiro.
O CNCD/LGBT endossa todas as representações apresentadas por parlamentares junto a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Federal e requer ao Procurador Geral da República a instauração de investigação criminal para apuração do crime de racismo (Art. 20 da Lei 7.716/89) e injúria e difamação (Art. 139 e 140 do código) contra a população de mulheres e LGBT.
Polêmica
Durante o programa CQC, da TV Bandeirantes, veiculado na última segunda-feira, em resposta à cantora Preta Gil, que perguntou ao deputado o que ele faria se seu filho se apaixonasse por uma mulher negra, Jair Bolsonaro respondeu: "Não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Não corro esse risco porque os meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu". No entanto, o deputado afirmou em nota divulgada na terça-feira que entendeu errado a pergunta e achou que a artista se referia a uma relação homossexualhttp://namoro-gay.blogspot.com

Último sobrevivente gay do Holocausto recebe condecoração

Rudolf Brazda, 97, que é considerado o último sobrevivente dos cerca de 10 mil homossexuais detidos em campos de concentração nazistas durante a 2ª Guerra Mundial, recebeu nesta quinta-feira a mais alta condecoração da França, a Ordem Nacional da Legião da Honra.

De acordo com o conceituado jornal francês "20Minutes", o presidente Nicolas Sarkozy recomendou Brazda, nascido na Alemanha em 1913 e naturalizado francês em 1960, para a honraria federal.

Ele passou três anos detido no campo de concentração de Büchenwald, na Alemanha, sob o registro de número 7592, categorizado como um "triângulo rosa", código dado pelos nazistas aos homossexuais.

Seu biógrafo, Jean-Luc-Schwab, autor de "Triângulo Rosa - Um Homossexual no Campo de Concentração Nazista" (Mescla Editorial, tradução de Ângela Cristina Salgueiro Marques, 184 páginas, R$ 48,90), disse que por muitos anos Brazda achou que "ninguém se interessaria" por sua história.

Lançado recentemente no Brasil, o livro reconta o cotidiano de Brazda em Büchenwald.

"Hoje, Rudolf é um nonagenário alerta, cuja vitalidade e alegria de viver nunca deixam de surpreender. Mas foi somente em 2008 que ele se manifestou e testemunhou publicamente a respeito de sua deportação por ser homossexual, e ele talvez seja o último sobrevivente desse processo", diz Schwab.